segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

NA "EMBALAGEM" DE WODEN...


"BROUHAHA - Título da revista da Fundação Capitania das Artes, Brouhaha (pronuncia-se bruaá) é uma palavra incomum. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (Objetiva, Rio de Janeiro, 2001) menciona a expressão no verbete bruaá, que dentre outros significados, quer dizer burburinho, movimento, agitação ruidosa... Há referências também à palavra desde a refinada literatura de Joseph Conrad (Bhouhaha bíblico) a uma prosaica banda de rock homônima em São Paulo, mas a inspiração para o nome da nova publicação, surgiu principalmente de uma correspondência trocada entre os escritores Luís da Câmara Cascudo e Joaquim Inojosa. Em carta dirigida a Inojosa, intelectual modernista de Pernambuco, e datada de 13/08/1925, Cascudo enviou dois poemas – Symmy, cuja ortografia correta é Shimmy, dedicado a Mario de Andrade, e Kakemono –, que foram publicados no Jornal do Commercio, de Recife. O célebre historiador potiguar planejava publicá-los num volume de poemas, Brouhaha, conforme informa Inojosa em O movimento modernista em Pernambuco (2º volume, Gráfica Tupy, Rio, 1968). O livro do poeta Cascudo, porém, não chegou a ser editado. A publicação do poema no jornal pernambucano e os planos de Cascudo de editar Brouhaha são fatos registrados também por Américo de Oliveira Costa em Viagem ao Universo de Câmara Cascudo (Fundação José Augusto, Natal, 1969).Ao escolher o nome Brouhaha, a Capitania das Artes não subestima a inteligência do leitor, nem do público consumidor e criador de arte e cultura em Natal, ao mesmo tempo em que presta mais uma homenagem a Luís da Câmara Cascudo, o maior, o mais completo intelectual do Rio Grande do Norte. "
WODEN MADRUGA, na sua festejada coluna da Tribuna do Norte, à época, bateu firme no título da revista e eu aproveitei a "embalagem", glosando no estilo "crioulo-doido"/Zé Limeira:
Cangulo, Praia da Limpa,
preá, mocó, brouhahá
Abraão, cabra supimpa,
foi beber na Quarentena,
Tim Maia comeu verbena,
cangulo – Praia da Limpa !
Vamos ver se agora grimpa
de Policarpo o ganzá!
Quero ver o bafafá,
lá na Pedra da Bicuda,
- “Seu” Woden me acuda:
preá, mocó, brouhahá ...!
Natal - de Poti mais bela,
do Bispo Dom Marcolino
- chegou aqui um menino,
da Bahia veio à vela.
Na Cova da Onça u’a tela
pintou de Paulo Balá;
Foi prefeito em Tangará,
de Abraão quebrou a cara,
deu um purgante prá Sara:
- preá, mocó, brouhahá !
Santos Reis, Beco da Lama,
Alecrim, Maria Boa
- glosa agora vira loa,
a viola não quer fama !
Repinica, chora, clama,
pedindo o som de um ganzá...
Cascavel sem maracá
- me acuda, Woden Madruga,
vou gritando em minha fuga:
preá, mocó, brouhahá...!
Laélio/2005

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