quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

LOBOS E RAPOSINHAS...



Gravura/Web

"CANIS LUPUS PAROQUIANUS..."



OS LOBOS



Mestre lobo vai indo, para a luta...
Armado de ambição e de fereza,
Só receia encontrar na redondeza,
Lobo maior, de compleição mais bruta.

A lã, de que se veste, lhe transmuta,
aos olhos do rebanho, a natureza.
- Pulsa-lhe o instinto, na pupila acesa !
Aspira os ventos, a narina astuta...

Não janta bem, aliás, se não devora
dois cordeiros, na furna, convencido
de ser o rei-dos-lobos, dentro e fora.

Todavia, não cuida de uma cousa:
- que, entre os irmãos, acabará comido,
se não aprender as artes da raposa...


Othoniel Menezes
(in “Desenho Animado”, póstumo-1995)






"Sertão de espinho e de flor, de Otoniel Menezes. Natal: Departamento de Imprensa, 1952, 270p. Seus versos nem sempre são razoáveis, e, em alguns momentos, deixam-se dominar por um certo passadismo literário; mesmo assim trata-se de um livro importante. Pode parecer paradoxal, claro. Mas o que o torna um livro de inegável interesse é o conjunto de notas & comentários após cada capítulo. São notas que procuram fixar um "panorama físico e social dos sertões norte-rio-grandenses". E o que seria mais um livro de poesia, de inspiração limitada, transforma-se num rico manancial sociológico sobre os costumes da gente potiguar, inclusive com sua fala & alguns de seus provérbios mais criativos. Ou seja, estamos diante de uma obra indispensável no panorama da literatura do Rio Grande do Norte.


Moacy Cirne"


posted by MOACY CIRNE no blog Balaio Vermelho


O gênio Moacy Cirne, a mais nova e mimada – certamente muito bem remunerada - estrela fulgurante do “Auto” da Capitania das Artes de Dácio Galvão, deixando de lado os seus gibis, o poema-processo, a entrevista na “Brouhahá” (epa!) e a péssima invenção de Chico Doido de Caicó, investe, agora, valente e airoso, contra as sextilhas de Otoniel - “nem sempre razoáveis”, diz ele, a sumidade das barcas da Cantareira.É phoda – com “ph” de “pharmacia”, de “Philomena” e de “ráido “Philipe” - arre égua !Quer aparecer, o menino, nas costas do Poeta? Fazer pose?Fazer o que? E agora, bardos de Beco? Dizer o que? Responder é preciso?
Laélio Ferreira


"Caro Laélio e demais amigos:

Ligue não, Laélio; é assim mermo! Alguns dos que fazem poesia (?) concreta, moderna, versos livres, sem rima; deveriam ler o poema UM COLEGA DOTÔ, de Clarindo Batista de Araujo, seridoense de quatro costados e de altíssimo quilate, diga-se de passagem. Nele, Clarindo diz p'ro dotô:A poesia do sertão,tem chêro de muçambê.Pru gôsto se pode lê,um verso metrificado.O poeta sertanejo,compara verso sem rima,cum viola sem a prima,só dá tom desafinado.Nos seus cultos versos brancos,o sinhô fala in rinite,cita diverticulite;êsses nome assim bizarro.Aqui a agente cunhece,sete côro, nó na tripa,ô intonce, quando gripa,se diz qui tá cum catarro.Tombém fala de metrô,satélite artificiá,de carro qui anda no má,qui nem pru riba do chão.Eu digo no meu poema,qui a vantage num é tanta,qui aqui tem carro qui canta,pelas bôca do cocão.E falando de animá,vem logo rinoceronte,mamute, saiga, bisonte,alce, iaque, pangolim.Nuis meus poema se vê,rapôsa, peba, timbú,preá, mocó e tatú,jumento, boi e guaxiníin...Não tenho absolutamente nada contra quem faz o verso livre; tenho sim; contra quem não respeita o estilo dos outros. Tem que respeitar, mesmo que esse estilo seja carregado de "passadismo literário"...Agora eu pergunto, caro Laélio; a quem de direito; isso é "passadismo literário" ou preservação das nossas raízes culturais ?Na minha terra, às margens do Rio Potengi, que banha minha cidade, isso que foi dito contra a poesia de Otoniel, tem outro nome, que é dado à atitude de quem agride à memória de quem já não está aqui para se defender...Perdoe-me a indignação, mas não posso ficar calado...Inspiração limitada, como diz meu compadre Norbal, cortador de carne na feira do Conjunto Santa Catarina; " é meu treistíco isquerdo"!...Inté!

Bob Motta"

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