domingo, 10 de dezembro de 2006

DECASSÍLABOS À LUA...

(Guernica/Pablo Picasso)



C L A R I M



Pela janela aberta para o mundo,
onde a vida dos povos tulmutua,
arremessei o escopro florentino
com que talhava o molde dos sonetos.


Que valem decassílabos à lua,
quando tudo, aqui mesmo, anseia e sofre,
e o destino das cousas mais sagradas
quem mais armas possui, guarda no cofre ?


Bardo ! Pendura a cítara dolente
em que choraste apenas o teu drama !
Vão teus filhos bem cedo à barricada !


Antes porém que os tome a vaga ardente,
cai, cantando, no círculo de chamas,
entre rimas, blasfêmias e granadas !




OTONIEL MENEZES
(in “A Canção da Montanha” , 2ª.ed.
Editora Universitária, Natal, 1980)

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