segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

OS REIS MAGOS E O "POTENGI AMADO"...

O Potengi tem praieira
à margem verde do rio
-
Importar uma "reieira",
italiana e safada,
é sacanagem quadrada
- o Potengi tem praieira !
Ítalo Balbo é besteira
muito fascista e sem brio...
- É coisa de compadrio
da direita indormida
que eu vi, agora, enrustida
à margem verde do rio...!
-
Laélio Ferreira
-
-
O POTENGI, A BOCA DA BARRA - E ATÉ A FORTALEZA (HOJE DO HOMENAGEADO MARECHAL FASCISTA) -, NA BOCA DO POVO, AINDA É DOS DOIS GIGANTES ABAIXO:

-





BARCAROLA








Não te recordas, querida,


Da noite em que nos amamos,


Sob a frescura dos ramos


Da laranjeira florida?


Gemia a viola na aldeia,


A brisa um hino entoava


E a luz da lua inundava


A terra, de rosas cheia!


-





Lá na planície da serra,

junho alourava as espigas,


vinham de longe as cantigas


das moças de minha terra,


quando te vi, linda flor,


e da nolte à doce calma,


derramaste na minha alma


o eflúvio do teu calor!





-


Saudade! quanta saudade


da noite em que, ao céu sereno,


tu me abriste o seio, pleno


de aroma e de mocidade!


A' sombra da laranjeira,


por ti, visão da alegria,


do meu beijo a cotovia

cantou, pela vez primeira!





-





Tu esqueceste os ditosos


domingos embalsamados,


e os cantos apaixonados


dos jangadeiros saudosos


que, ao céu transparente e azul,


do estio nas tardes belas,


passavam, molhando as velas


abertas ao vento sul!





-


Tudo esqueceste, e mais nada


resta em tua alma enganosa,


dessa paixão desditosa,


dessa ilusão desfolhada,


que lembro todos os dias,


pensativo, a cada instante,


Ó lavandisca inconstante


das areias alvadias!





-


Talvez que esta alma não possa


acreditar, nunca mais,


nos teus beijos aromais,


nos teus sorrisos de moça!


Ai, meu doce malmequer,


que me deixaste em janeiro,


- como tudo é passageiro


no coração da mulher!


-





Ferreira Itajubá




--




SERENATA DO PESCADOR (PRAIEIRA)
Othoniel Menezes

Praieira dos meus amores,
Encanto do meu olhar!
Quero contar-te os rigores
Sofridos a pensar
Em ti sobre o alto mar...
Ai! Não sabes que saudade
Padece o nauta ao partir,
Sentindo na imensidade,
O seu batel fugir,
Incerto do porvir!

Os perigos da tormenta
Nãoi se comparam querida!
Às dores que experimenta
A alma na dor perdida,
Nas ânsias da partida
Adeus à luz que desmaia,
Nos coqueirais, ao sol-pôr...
E, bem pertinho da praia,
O albergue, o ninho, o amor,
Do humilde pescador!

Quem vê, ao longe, passando,
Uma vela panda, ao vento,
Não sanbe quanto lamento
Vai nela soluçando,
A pátria procurando!
Praieira, meu pensamento,
Linda flor, vem me escutar
A história do sofrimento
De um nauta, a recordar
Amores sobre o mar!

Praieira, linda entre as flores
Deste Jardim Potiguar!
Não há mais fundos horrores,
Iguais a este mar,
Passados a lembrar!
A mais cruel noite escura,
Nortadas e cerração
Não trazem tanta amargura
Como a recordação,
Que aperte o coração!

Se, às vezes, seguindo a frota,
Pairava uma gaivota,
Logo eu pensava bem triste:
O amor que lá deixei,
Quem sabe se ainda existe?!
Ela, então, gritava triste:
Não chore! Não sei! Não sei...
E eu, sempre e sempre mais triste,
Rezava a murmurar:
'Meu Deis, quero voltar!"

Praieira do meu pecado,
Morena flor, não te escondas,
Quero, ao sussurro das ondas
Do Potengi amado,
Dormir sempre ao teu lado...
Depois de haver dominado
O mar profundo e bravio,
À margem verde do rio
Serei teu pescador,
Ó pérola do amor!



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